Conheça a história da #Aiwa (アイワ)
A história da tecnologia está de volta falando de fabricantes de eletrônicos que estão na memória do público, mas que hoje não contam com toda aquela glória do passado. O assunto da vez é a Aiwa, uma companhia bastante famosa e respeitada no segmento de som.
Antes de saber por onde ela anda e como ela começou, não se esqueça de se inscrever no canal do TecMundo, curtir o vídeo e ativar as notificações. Confira ainda os capítulos anteriores do História da Tecnologia, porque a sua empresa favorita já pode ser aparecido por aqui.
Um início discreto
A nossa história começa em 20 de junho de 1951, com a fundação de uma fabricante de eletrônicos chamada AIKO Denki Sangyo no Japão. Essa época é a mesma em que outras marcas japonesas nasceram ou cresceram, como Sony, Sharp e Panasonic. E não é coincidência: esse foi um período em que o Japão precisava se recuperar da Segunda Guerra Mundial, das bombas atômicas e da destruição também da moral do país.
Nessa reconstrução, a AIKO começa fabricando microfones sem destaque fora do Japão. Em 1959, ela é rebatizada e passa a se chamar Aiwa. O nome é uma união de dois kanjis. Ai significa “amor” ou “afeição”, e “wa” pode ser “círculo”, dando ideia de união ou harmonia.
Cada um pronuncia o nome dessa empresa de um jeito: no Brasil, muita gente se acostumou a falar “Aiva”, com som de "v" mesmo.
Aliás, nesse ano foi estabelecida a logo clássica, que vai durar até 91. A primeira fábrica de produção em larga escala foi aberta em 1960, na cidade de Utsunomiya. No ano seguinte, ela já aparecia na bolsa de valores de Tóquio e começava a chamar atenção.
Começando a decolar
Em 1964, vem o primeiro produto de repercussão. É o TP-707, primeiro gravador de fitas cassete do Japão. Quatro anos depois, o lançamento é da primeira boombox do país, a TPR-101. Quer mais estreia? O primeiro tape deck do país, o TP-1009, que você confere abaixo.
Aí em 1969, a Sony vira acionista majoritária da Aiwa, mas não absorve nem passa a controlar totalmente a empresa. A relação entre as duas é bem curiosa, já que as marcas eram na verdade concorrentes no mercado, com a menor sendo uma subsidiária independente. Isso vai ter uma importância grande daqui a pouco.
Nos anos 70, ela percebe que podia ir longe e começa a expansão internacional pra Estados Unidos, Alemanha e Reino Unido. Nessa década, ela vai também pro oriente médio, inclusive abrindo uma fábrica no Líbano, bem quando a crise do petróleo faz a região ficar em evidência e o mundo inteiro buscar novas oportunidades de mercado.
Nesse período, 65% do faturamento dela vinha do mercado estrangeiro e isso deu origem a setores bem aleatórios, tipo produtos de limpeza e pra casa, incluindo limpadores de ar-condicionado.
Música no bolso
O ano de 1980 é importante pro nascimento de um novo segmento na Aiwa. Seguindo o sucesso do walkman da Sony, ela lança o seu primeiro tocador portátil de fitas, o TP-S30. Superando a dona, ele foi o primeiro gravador stereo e um rival bem digno.
O TPS-30.
Se o negócio em áudio ia bem, em vídeo não dá pra dizer o mesmo. Ela começou a fabricar videocassetes no começo dos anos 80, mas escolheu o mesmo formato da Sony, o Betamax. Se você conhece esse período de guerra dos formatos, sabe que essa mídia era a aposta da gigante japonesa, mas não durou porque perdeu a disputa contra o VHS.
Esse investimento que deu bem errado, a concorrência e uma crise econômica interna fizeram a marca sofrer financeiramente nos anos 80. Enquanto vários produtos clássicos saíram, e a gente já fala deles, a companhia equilibrava as contas. Em 1986, ficou no vermelho pela primeira vez na década, mostrando que pequenos deslizes custam caro no mercado de eletrônicos.
Os destaques
Mas vamos falar de alguns dos produtos desse período. De 1982, o HR-S01 ficou conhecido como SkyPlay. Ele era um fone de ouvido com um rádio embutido e antenas nos dois lados. Outro modelo famoso de walkman e gravador portátil é o HS-PO7. Ele era o modelo top de linha em 1985 e tem como principal característica aparecer no filme “De Volta para o Futuro”.
Você se lembra dessa cena? O gravador usado nela é da Aiwa.
A partir de 87, a Aiwa também entrou no mercado das fitas DAT, ou Digital Audio Tape, e lançou o primeiro reprodutor do formato no mundo. De novo, foi uma tecnologia criada pela Sony e que não foi pra frente por diversos motivos, incluindo aí a popularização dos CDs.
O salvador da pátria se chama Hajime Unoki. O executivo sai da Sony pra reestruturar tudo e salvar a parceira da falência. Ele faz vários cortes e aumenta a importância das regionais. O fato de CD players bombarem naquela época ajudou a dar esse respiro pra marca, e nos anos 90 ela vira a líder global em sistemas de som stereo, com 30% do mercado.
E vamos pra alguns lançamentos. Tem o fone de ouvido HP-J7, de 1990, com design vertical, adorado na época e hoje virou raridade. E tem o XP-80G, que era um discman. Ele foi o primeiro Cd player do mundo compatível com o formato CD+G, que reproduzia gráficos em baixa resolução e foi usado em karaokês e consoles como o Sega Saturno. A empresa ainda lança computadores e periféricos a partir de 1993, quando compra a Core International.
Já em 94, sai o bizarro e incrível Aiwa Mega-CD. Ele é um microsystem como qualquer outro, mas feito em parceria com a SEGA. Na parte de baixo, ele tinha uma entrada pra um anexo que permitia o encaixe de títulos do Mega Drive e Sega CD.
Nesse mesmo ano, ela passa a apoiar também, adivinha, outro formato da Sony. É o MiniDisc, ou MD, e vários dos minisystems da marca suportavam a mídia, que foi bem popular especialmente no Japão. Ela também colocou um pezinho no mercado asiático de telefonia em 95 com o PT-H50.
Os sons da Aiwa
Mas quando a gente fala da marca, não dá pra citar o seu principal segmento, que é o de aparelhos de som, minisystems e microsystems. Ela também foi forte em tape decks, amplificadores, fones de ouvido e portáteis estilo walkman e discman.
De modelos clássicos de som dá pra destacar o CSD-ES100, que tocava fitas e CD e era o que eu tinha em casa. De Mini System tem o XR-H330MD, um dos vários que contavam com aquele clássico carrossel de CDs. Os NSC-T9 e variantes também são lembrados pela comunidade. O JAX-PK8 é o favorito de muita gente e reconhecido pela durabilidade.
E uma família bastante duradora é a NSX. Tem o AV900, o NSX-S305 e o NSX-AV96, entre muitos, muitos outros. Ela também era bem forte em sons automotivos, e um deles era o CDC-R176M.
A fabricante também entrou no mercado de TV-VCR, que nada mais é do que a sigla praqueles televisores que vinham com um videocassete embutido embaixo, e também de DVD players, mas sem tanta força. A gente não citou todos os modelos, então se o seu favorito ficou de fora, não é porque a gente esqueceu, é só deixar aí nos comentários.
O começo do fim
No fim dos anos 90, a Aiwa era uma marca de respeito com ótimos produtos. Só que a empresa como um todo estava em seu pior período, e não conseguiria mais se recuperar. Ela teve muita dificuldade em migrar pro digital, seja pela insistência em seguir sempre a Sony, a falta de inovações ou estratégia mesmo.
A competição interna também tava cada vez mais difícil de bater, e ela sempre teve o lema de não lançar produtos inovadores, mas sim melhorar os que já tavam no mercado. Só que isso acontecia cada vez menos.
Além disso, a marca tinha grande dependência das parcerias internacionais e terceirizações de fabricação, e depender tanto disso uma hora tem o seu preço.
No Brasil
A Aiwa é uma marca bem querida pelos brasileiros e ficou famosa por aparelhos de som de várias categorias com uma ótima qualidade e potência.
No começo, a compra era só por importação. Já em 1996, a CCE fecha uma parceria com a empresa japonesa e vira a responsável pela marca no Brasil tanto em fabricação, feita em Manaus, quanto em comercialização, mantendo o nome da marca original. Essa parceria durou seis anos.
O AIWA XH-A1060.
O AIWA XH-A1060 foi o último aparelho fabricado pela marca no Brasil, e tinha função home theater e carrossel para até 3 CDs. Em 2000, ela tinha 20% do mercado de som no país.
Queda e recomeço
Mas a situação piorou. Em 2002, a Sony absorve completamente a Aiwa por 114 milhões de dólares e tira os produtos dela do mercado. O objetivo era revitalizar a marca, repensar estratégias e reposicionar o nome no mercado. Masaru Hirauchi assume a presidência.
Aqui no Brasil isso começou em 2003, com produtos voltados pro público jovem. Ao todo, mais de 100 modelos diferentes foram produzidos, com a ideia de serem de baixo custo, fáceis de usar e foco em áudio e vídeo. A Sony até lançou aqueles pendrives que eram pequenos MP3 player usando a marca. Mas foi um investimento pesado que não deu certo.
Em 2005, acaba o desenvolvimento de novos produtos e, em 2007, a Sony descontinua o nome completamente.
Foram quase dez anos sem novidades e o direito da marca Aiwa começou a expirar ou ser negociada regionalmente pela Sony com interessados. Em 2015, uma pequena empresa de Chicago, Estados Unidos, comprou o direito da marca no país e em alguns mercados da Europa.
O Exos-9 da "renascida" Aiwa.
A Hale Devices então se renomeia pra Aiwa e até apresenta um novo speaker chamado Exos-9. Ao mesmo tempo, uma marca japonesa chamada Towada Audio comprou o direito dela no Japão pra lançar só lá no país TVs e aparelhos de som.
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E essa é a história da Aiwa, "Aiva", ou como você quiser chamar. A marca é bem querida pelo público, teve muito sucesso, mas infelizmente a trajetória não tem um final feliz. Se você tiver uma sugestão de uma empresa, produto ou serviço para ser contado na série, é só deixar um comentário no vídeo. Até a próxima!
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